quinta-feira, setembro 28, 2006

Fim de dia

Hoje quando estava voltando pra casa, fui abordado no metrô, por uma criatura feia e mal cheirosa, ele me olhava como se pedisse minha ajuda, chegou perto de mim e disse algo que não escutei, não podia escutar, estava com fones de ouvidos, por um momento até cogitei a idéia de ignora-lo, mas decidi tirar um dos fones,o dialogo que se seguiu foi mais ou menos assim:
— Eu estou vivo?
— Pelo que eu vejo, sim.
— Você acredita em Deus?
— Não, não acredito em deus, sou ateu.
— E no demônio?
— Se Deus não existe, o demônio muito menos.
— Sabe eu não vivo mais, estou na rua, não sei pra onde vou.
— E?
— Já vivi, tinha mulher, carro, emprego, hoje não tenho mais nada, não sou nada.
— O que aconteceu?
— Eu era forte, não era assim — ele arregassa a manga do moletom e e mostra um braço magro, quase osso e pele — não era nenhum Van Dame, mas eu era forte.
— Aham
— A droga acabou com a minha vida.
— Não, a drogas não acabou com a sua vida, você ainda está vivo.
— Mas a a drogo é do demônio!
— Não, a droga é do homem, é ele que faz, é ele que consome. a vida é a consequência do que você fez e faz.

E assim seguiu um diálogo de bons conselhos e amenidades durante mais ums 10 minuto. Mas o que eu pensei é que se eu tivesse entregado os pontos, eu poderia ser ele.
Afinal de contas, cair, todos caem um dia, o grande negócio é sempre se levantar, por mais doloroso que seja, ainda é melhor que ficar no chão esperando a morte chegar.