Carlos Drummond de Andrade por Paulo Autran
Amor e seu tempo
    Amor é privilégio de maduros
    estendidos na mais estreita cama,
    que se torna a mais larga e mais relvosa,
    roçando, em cada poro, o céu do corpo.
    É isto, amor: o ganho não previsto,
    o prêmio subterrâneo e coruscante,
    leitura de relâmpago cifrado,
    que, decifrado, nada mais existe
    valendo a pena e o preço do terrestre,
    salvo o minuto de ouro no relógio
    minúsculo, vibrando no crepúsculo.
    Amor é o que se aprende no limite,
    depois de se arquivar toda a ciência
    herdada, ouvida. Amor começa tarde.
 

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